sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CRÍTICA - Educação

Por Guilherme Cândido

Assim como o bom O Leitor fez ano passado, esse Educação traz novamente o romance entre pessoas de idades bem diferentes.Mas se no filme dirigido por Stephen Daldry era a mulher mais velha (Kate Winslet em grande atuação) no de Lone Scherfig é Peter Sarsgaard (do ruim A Órfã) a tarefa de ser o mais experiente.

Dirigido com maestria por Scherfig (cineasta dinamarquesa), o filme (na Londres de 1961) acompanha a jovem e promissora Jenny (Carey Mulligan, com naturalismo impressionante).Filha de pais ortodoxos, ela é privada de diversas coisas e obrigada a fazer muitas outas pelo pai Jack (interpretação bem curiosa de Alfred Molina), um homem que tem na educação da filha quase uma obsessão.Mas, ao conhecer David (Peter Saarsgard, em sua melhor atuação) ela vê uma esperança de fugir da vida monótona dos estudos.
E é nele quem ela confia seu futuro, um atalho para o sucesso.

E as atuações são um ponto muito forte do longa, principalmente a atuação magnética de Saarsgard.Ele consegue expressar toda a confiança que um sujeito como ele pode oferecer a uma jovem como Jenny.E Carey Mulligan, por sinal, apesar de eu não ter visto o espetáculo que muitos afirmam, consegue transmitir uma naturalidade incrível e que arrebata o espectador logo de cara.Como seu pai, Alfred Molina (Homem-Aranha 2, Anjos e Demônios) surge bem diferente dos seus outros papéis, já que está com uma voz mais fina e um sotaque inglês muito carregado.Já a presença de Dominic Cooper (de Mamma Mia!) nada acrescenta, a não ser o sentimento de desconfiança por seu papel tão incompatível.


Aliás, o filme de Scherfig possui interessantes discussões sociais que nos faz refletir.A escola também ganha importantes indagações, e uma ácida conversa entre Jenny e a diretora da instituição (participação excepcional de Emma Thompson) um dos melhores momentos do filme.Com personagens interessantes e complexos, o arco dramático é perfeitamente construído e amarrado, e numa estrutura bem simples, facilitando o entendimento do público.A direção de arte também é outro ponto positivo importante para se ressaltar, já que convence com facilidade e nos transporta diretamente para a Londres da década de 60.O tom do drama também é bastante leve, o que a trilha sonora inicial já indica, ganhando características mais sérias gradualmente e jamais se tornando melancólico demais ou até mesmo enfadonho.


Um filme que possui suas falhas e clichês, é verdade, mas que também possui qualidades suficientes para o admirarmos e refletirmos sobre as questões propostas.Pode não ser memorável, mas está bem longe de ser esquecível.
4 Estrelas (Muito Bom)

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