quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

CRÍTICA - Gamer


A dupla de diretores e roteiristas Mark Neveldine e Brian Taylor cresceu nos anos 80, época de exageros.E esse fato parece ter sido fixado como marca registrada deles, como foi feito no fraco Adrenalina, abarrotado de absurdos gritantes que, em busca do humor fácil, acaba soando surreal e sacal demais para se agüentar.O primeiro grande filme da dupla não empolgou o grande público e muito menos os críticos.A tal marca registrada Neveldine/Taylor, porém, está bem mais contida neste novo filme, mas sua essência prevalece.

Habituado "em alguns anos a partir deste momento", a trama gira em torno de um jogo chamado Slayers, espécie de Counter-Strike em que os personagens virtuais são substituídos por prisioneiros no corredor da morte que aceitam participar em troca do perdão da pena, concretizado depois de 30 batalhas.Só que para sobreviver nas 30 batalhas, é preciso literalmente travar uma guerra com os outros prisioneiros, e isso faz muito sucesso com os adolescentes que assinam o jogo.É então que conhecemos o protagonista: Kable (Gerard Butler, no ponto certo) que precisa sobreviver por mais 3 lutas apenas.Só que isso não depende só dele, depende também de Simon (Logan Lerman, carismático), o adolescente que o controla.O game, invenção do milionário Ken Castle (Michael C. Hall, excepcional), só é possível graças à tecnologia nanex, em que células do cérebro do prisioneiro são gradualmente modificadas via nanotecnologia para permitir controle.

O primeiro ato do filme é espetacular; se revelando inovador na condução do roteiro, e impecável nas seqüências de ação, sempre contando com o talento dos diretores para estilizarem cenas.As primeiras tomadas, que envolvem uma partida de Kable, são interessantíssimas ao retratar de forma absolutamente realista o ambiente do jogo, com efeitos na câmera e o uso de slow motion.Méritos também para a atuação de Gerard Butler que consegue transmitir de forma eficaz a sensação de estar sendo controlado.Tão eficaz quanto, está o talentoso Michael C. Hall que, sempre carismático, consegue demonstrar com facilidade, já nas primeiras cenas, a personalidade do ambicioso empresário.

E nesse contexto, os diretores não perdem a chance de incluírem referências do mundo pop, que vai da trilha sonora (a primeira canção do filme é de Marilyn Manson), a uma clara homenagem ao jogo de simulação The Sims, que aqui é feito com pessoas de verdade.E é nesse jogo, também criado por Castle, que está a esposa do protagonista, aprisionada e controlada por um obeso que busca sexo virtual.

E é a partir daí que a inventividade da dupla Neveldine/Taylor, como assinam os créditos, começa a acabar.Abusando de clichês e de convenções já bastante conhecidas do grande público.O que se revela desapontador, dado o patamar que a trama poderia atingir.Sem falar também que a dupla acaba incluindo algumas cenas patéticas como aquela em que um personagem vomita vodka no tanque de gasolina do carro para poder fugir.

Enfim, mesmo com várias falhas em seu desfecho, Gamer ainda se revela eficaz.Não como ficção, já que este conceito é abandonado no segundo ato, renegando-se a mera desculpa para o uso de conceitos futurísticos, mas como um ótimo exemplar do cinemão-pipoca, já que os elementos desse subgênero aparecem em todo o filme e em grande escala, contando com várias seqüências de tiroteios e explosões, no melhor estilo Neveldine/Taylor, que são tremendamente empolgantes.Certamente agradará àqueles que procuram bastante adrenalina e uma fuga de nossa fria realidade.

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